“As TecABCs comungam com a essência dos povos indígenas”, diz ATER da etnia Xokó 

Patrisia Ciancio | 9 de agosto de 2022

Investimentos em conservação ambiental com tecnologias de baixo carbono se unem a práticas e conhecimentos tradicionais

Egídio dos Santos Neto é um dos 48 profissionais de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) que estão atuando em iniciativas de agricultura de baixo carbono, apoiadas pelo PRS Caatinga, em cinco estados nordestinos. De origem indígena, da etnia Xokó, o técnico em Agropecuária, que também é formado em Administração, é parte da equipe do Centro José Brandão de Castro (CDJBC). Atualmente, Neto está assessorando a sua comunidade ribeirinha, que vive na margem do Rio São Francisco, no município de Porto da Folha, em Sergipe, a adotar as Tecnologias Agrícolas de Baixo Carbono (TecABC).

“As TecABC comungam com a essência dos povos indígenas. E a cada dia ganham mais destaque, principalmente nas suas contribuições para a conservação do bioma. Nós, enquanto indígenas, abraçamos o PRS Caatinga porque seus objetivos vão ao encontro da essência do indígena, que é a nossa relação com a natureza. Buscamos a conservação do nosso solo, do nosso bioma, através da implantação da Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), que preserva o solo e a terra”, comentou Egídio.

Diálogo entre TecABC e conhecimentos tradicionais

As atividades de campo começaram em maio deste ano e preveem a disseminação das TecABC entre famílias da comunidade ribeirinha. Além da Integração Lavoura – Pecuária – Floresta (ILPF), a iniciativa está implementando ecofogões.

Segundo Egídio, o PRS Caatinga colabora para o aprendizado do povo indígena. “É um privilégio para mim como técnico trabalhar dentro da minha comunidade com tecnologias de baixo carbono, na reserva do nosso território”. E acrescentou:

“A mensagem que eu gostaria de deixar é que a gente, enquanto indigena, possa cada vez mais se reafirmar na nossa identidade cultural e espiritual, e que possamos sempre buscar a vivência em comunidade de forma articulada e organizada, na linha da preservação dos nossos costumes tradicionais”, ressaltou o técnico.