TecABCs ajudam na recomposição da camada de ozônio

Patrisia Ciancio | 16 de setembro de 2022

Coordenadora científica do PRS Caatinga destaca o impacto positivo da integração de tecnologias de baixo carbono

As TecABCs já difundidas em outros biomas brasileiros para médias e grandes propriedades começam a se tornar realidade também na agricultura familiar do semiárido. As ações do PRS Caatinga mostram que é possível trabalhar o solo – retirando dele o alimento para as populações e seus rebanhos – sem esgotamento ou empobrecimento dos recursos naturais. “As TecABCs permitem o aumento da produtividade agrícola, em equilíbrio com o meio ambiente, diminuindo as emissões de Gases de Efeito Estufa e, consequentemente, ajudando na recomposição da camada de ozônio”, disse Renata Barreto, coordenadora científica do PRS Caatinga. Confira o que a especialista tem a dizer nesta entrevista em homenagem ao Dia Internacional de Preservação da Camada de Ozônio, 16 de setembro.

PRS Caatinga: Entre as seis tecnologias agrícolas de baixo carbono promovidas pelo Plano ABC, podemos dizer que algumas delas contribuem mais para a preservação da camada de ozônio e para a agenda climática global?

Todas as TecABCs são importantes, porém a ILPF, que é Integração Lavoura – Pecuária – Floresta, pode abarcar todas as outras. Ou seja, a partir dela podem ser inseridas outras tecnologias como a Fixação Biológica de Nitrogênio, o Manejo Florestal Sustentável, Plantio Direto etc. Na ILPF, a integração da pastagem ao sistema florestal ajudar a reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Além disso, melhora a qualidade do solo, aumenta a umidade, proporcionando conforto térmico e produzindo alimentos de melhor qualidade. O capim que nasce à sombra das árvores, outras gramíneas e a vegetação nativa apresentam maior qualidade, mesmo nas épocas mais secas.

Um fator que potencializa a ILPF, por exemplo, é a sua complementação com a Fixação Biológica de Nitrogênio. Nesta tecnologia de baixo carbono, utilizamos espécies leguminosas para enriquecer o solo por meio de bactérias capazes de transformar o nitrogênio em nutrientes essenciais para a planta. Isso reduz custos na agricultura familiar e gera maior autonomia do produtor, pois substitui o uso de fertilizantes químicos à base de nitrogênio (ureia). Assim, podemos dizer que o uso das TecABCs ajuda na preservação da camada de ozônio.

PRS Caatinga: Como a pecuária desenvolvida em uma ILPF pode ajudar na diminuição do uso de fertilizantes e, com isso, minimizar os danos provocados à camada de ozônio?

O manejo adequado do rebanho na ILPF evita o superpastejo das áreas. Os animais pastam em diferentes áreas cercadas, diretamente na vegetação nativa, em pequenos espaços de tempo, ou seja, evitam o esgotamento dos recursos naturais. Dessa forma, o solo mantém sua qualidade, dispensando o uso de fertilizantes como estratégia para mantê-los produtivos. Nas atividades agrícolas, quando há um uso elevado de fertilizantes à base de nitrogênio, há um aumento da produção de óxido nitroso e, consequentemente, a sua emissão. O óxido nitroso é o gás de efeito estufa mais prejudicial à atmosfera e impacta diretamente a camada de ozônio.