PRS Caatinga integra boas práticas em evento sobre Recuperação Verde
| 29 de março de 2022
Projeto foi apresentado como estudo de caso a autoridades estaduais e representantes da União Europeia (UE)
A recuperação da Caatinga é vital para o processo de descarbonização do Brasil até 2050, nos parâmetros do Acordo de Paris. Como iniciativa que investe no fortalecimento de Arranjos Produtivos Locais Sustentáveis na região, o PRS Caatinga o mostrou o protagonismo do bioma durante o evento on-line “Diálogos sobre Recuperação Verde – Caminhos Sustentáveis para os estados”, promovido pelo Programa Parcerias Estratégicas para a Implementação do Acordo de Paris (SPIPA, na sigla em inglês) e pela Associação Brasileira de Entidades de Meio Ambiente (Abema) no dia 25 de março.
Algumas soluções para a Caatinga que visam a redução de Gases de Efeito Estufa (GEE) e o aumento de renda dos agricultores e agricultoras foram apresentadas durante o encontro, como contribuição ao tema “Agricultura do Novo Século: Inovações e Oportunidades com o Baixo Carbono”. O diretor do PRS Caatinga, Pedro Leitão, compartilhou as principais ações, metas e realizações do Projeto.
Governo de Pernambuco: Caatinga é essencial pra tornar o estado carbono neutro
A representante do governo do Estado de Pernambuco, Inamara Mélo, secretária executiva de Meio Ambiente e Sustentabilidade, ressaltou que reduzir o desmatamento, recuperar Mata Atlântica e a Caatinga são ações primordiais para tornar Pernambuco carbono neutro. “A recuperação desses ecossistemas pode remover 38 milhões de toneladas de CO2 até 2050, além de garantir fornecimento de serviços ambientais, que são essenciais. Precisamos pensar em ações para o aumento da atividade agrícola, implementação de Sistemas Integrados Lavoura – Pecuária – Floresta, para fornecer área necessária para recuperação dos biomas e reduzir a pressão sobre esses territórios”, disse.
Entre as contribuições brasileiras ao Acordo de Paris, datado de 2015, estão zerar o desmatamento até 2030, promover manejo florestal sustentável, restaurar 12 milhões de hectares de florestas, recuperar 15 milhões de áreas de pastagens degradadas, incentivar 5 milhões de hectares de ILPF e atingir 18% de biocombustíveis na matriz energética.
Europa: Acordo Verde investe na transição para agricultura mais sustentável
O especialista Pasquale Di Rubbo, representante da União Europeia no evento, falou sobre o Acordo Verde europeu dizendo que “pela primeira vez um continente realiza um plano tão ambicioso”. Os objetivos gerais são reduzir impactos no clima e nos sistemas alimentares, além de identificar novas oportunidades de negócios na transição para práticas mais sustentáveis, como o mercado de crédito de carbono.
Segundo Di Ruboo, o Acordo Verde europeu prevê a redução de 50% do uso de pesticidas químicos, alcançar 25% de agricultura orgânica na Europa (hoje em 9%) e contribuir para a biodiversidade, além da meta de fornecer cobertura Wi-Fi nas áreas rurais até 2025.
PRS Caatinga: agricultura familiar se insere na agenda climática e alimenta o país
O aumento da temperatura, a seca, a degradação do solo e a perda da biodiversidade são efeitos danosos das mudanças climáticas e uma das áreas a serem mais afetadas nos próximos anos é o semiárido brasileiro, que já convive com a escassez hídrica. Por isso, o PRS Caatinga está apoiando a transição de 20 Arranjos Produtivos Locais para um modelo produtivo mais sustentável, baseado em tecnologias de baixo carbono, que permitem conciliar a produção de alimentos com a conservação de recursos naturais.
Uma parte essencial da estratégia de apoiar a inserção da agricultura familiar na agenda climática global é investir na assistência técnica – tanto na qualificação de profissionais como em promover maior acesso a mercados pelo produtor. O PRS Caatinga, em parceria com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), está promovendo um processo formativo em tecnologias de baixo carbono com mais de 800 inscritos. Cerca de 60 extensionistas e especialistas que concluíram a formação irão prestar assistência técnica para as 20 organizações produtivas apoiadas pelo Projeto, que congregam agricultores familiares em cinco estados do Nordeste.
“A agricultura familiar alimenta a população. O semiárido é muito impactado pelas questões climáticas e sofrerá mais pressões com o aumento da temperatura. Temos nos dedicado a realizar estudos, estamos investindo em capacitação e criando redes de conhecimento sobre o tema. Vamos beneficiar cerca de 5 mil produtores rurais”, afirmou Leitão.