PRS Caatinga forma 600 profissionais para levar tecnologia de baixo carbono ao semiárido brasileiro

Patrisia Ciancio | 25 de julho de 2021

Legado: parceria com a Univasf torna a iniciativa um curso permanente, formando mão de obra qualificada

A agricultura familiar está no cerne da Caatinga e para entender a sua dimensão econômica é preciso enxergá-la essencialmente como uma atividade de subsistência, colocando na mesa de 26 milhões de pessoas que habitam o território o sustento diário de inúmeras famílias do Nordeste. Pensando nas necessidades desse um terço da população brasileira, o PRS Caatinga completa no primeiro semestre de 2021 o ciclo teórico do Programa de Capacitação em tecnologias agrícolas de baixo carbono. A iniciativa está qualificando 600 profissionais vinculados à produção rural, especialmente profissionais de assistência técnica que atuam junto aos produtores rurais no aperfeiçoamento dos seus sistemas produtivos.

A formação é feita pelo PRS Caatinga em parceria com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e deve se tornar um curso permanente da instituição na modalidade de mestrado. A próxima etapa é a ida desses profissionais para campo, vivenciando o módulo prático, que foi adiado por conta da pandemia. São profissionais com diversos níveis de escolaridade, da formação técnica ao doutorado, e que munidos de conhecimentos sobre as tecnologias de baixa emissão de carbono em suas atividades, qualificam o mercado de trabalho local, disseminando para os agricultores as práticas de sustentabilidade. No Dia da Agricultura Familiar, comemorado em 25 de julho, o PRS Caatinga celebra o desenvolvimento do capital social da região e a sua inserção na agenda climática global.

– A relação entre a agricultura e a agenda climática se dá por meio da questão do uso do solo. Entendendo a agricultura como uma atividade humana no cultivo de plantas e na criação de animais, o crescimento da pecuária e o uso de lenha para fornecimento de energia em atividades industriais geram uma significativa perda de cobertura vegetal. A conversão de áreas degradadas em áreas verdes é uma importante contribuição climática e o nosso projeto está empenhado nessa missão -, disse o diretor do PRS Caatinga, Pedro Leitão.

Na visão do coordenador regional do PRS Caatinga, Francisco Campello, “o sistema agroecológico do semiárido não é modismo ecológico, é necessidade de sobrevivência”. Segundo o especialista, as políticas públicas existentes carregam um olhar urbano, havendo a necessidade de analisar as necessidades reais do segmento pela ótica do agricultor. “Nessa esfera, a Dona Maria e o Seu José são os nossos protagonistas”, disse.

– Na Caatinga nós temos o que o mundo quer, que é a pecuária verde. Ou seja, o mundo quer o que nós fazemos. Existe inclusive a questão da alimentação mais saudável do gado, que reduz a emissão de gases. Precisamos investir cada vez mais no manejo florestal, que é justamente o oposto do desmatamento, sendo o uso ambientalmente adequado dos recursos da floresta, no caso, do bioma Caatinga -, enfatizou Campello.

Imagem: João Vital