PRS Caatinga e FUNPET promovem tecnologias de baixo carbono para fortalecer a Pecuária Leiteira de Alagoas

Anne Clinio, Patrícia Lyra | 28 de fevereiro de 2023

Agentes de Desenvolvimento Local e moeda social Caatinga complementam estratégias para promover a permanência no campo

O Fundo Nacional de Permanência na Terra – FUNPET, com o apoio do PRS Caatinga, vem desenvolvendo ações inovadoras para a região de Batalha, Alagoas. Ao trabalhar para aumentar a renda de agricultores familiares e promover a sustentabilidade ambiental, a organização, que opera como um fundo social, está fortalecendo suas estratégias para a fixação do homem e da mulher no campo. Além de promover a adoção das Tecnologias Agrícolas de Baixo Carbono entre 60 famílias, dos municípios de Batalha e Jacaré dos Homens, o FUNPET também investe na formação de jovens como Agentes de Desenvolvimento Local (ADL) e em estratégias de economia solidária com a criação da primeira moeda social digital de Alagoas – a Caatinga – que irá fortalecer o desenvolvimento local.

Por meio do PRS Caatinga, o FUNPET está oferecendo assistência técnica qualificada em TecABC, através de uma equipe formada pelo Programa de Capacitação Tecnologias Agrícolas de Baixo Carbono promovido pela Fundação Brasileira Desenvolvimento Sustentável (FBDS), em parceria com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF). Esses profissionais realizam visitas periódicas às famílias, promovem reuniões coletivas de orientação e assessoram a implementação de seis Unidades Demonstrativas (UD). Com o sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), (com 2.500 m2 cada) e 54 Unidades Multiplicadoras, além de promover tecnologias sociais inovadoras como o Sistemas de Saneamento Ambiental Rural, com reuso de água para irrigar sistemas produtivos e os Biodigestores, que produzem biogás, para a questão de segurança energética.

Curso de Agente de Desenvolvimento Local incentiva jovens a permanecerem no campo

Dentro do escopo do PRS Caatinga, o FUNPET em parceria com o Instituto Irmã Dorothy (IRDA), oferece a adolescentes e jovens, na faixa etária de 15 a 30 anos, o curso de capacitação em Agente de Desenvolvimento Local (ADL) com o objetivo de formar cidadãos comprometidos com o desenvolvimento socioeconômico de suas comunidades.

De acordo com o coordenador pedagógico do IRDA, Paulo Oliveira dos Anjos, “a ideia é que possamos potencializar esses jovens para que desenvolvam alternativas com possíveis aplicações em seu território de vivência, em uma perspectiva de melhora de vida individual e coletiva, a partir do que o campo lhes oferece. E, ainda, conviver de forma sustentável, ser protagonista de sua história, além de sugerir e criar projetos de vida que interfiram positivamente na qualidade de vida social, econômica e ambiental”, comentou.

A formação tem 6 módulos e aborda temáticas que ajudam a sua transformação pessoal e a da sua comunidade. Atualmente, os 28 alunos recebem uma bolsa de estudo mensal no valor de R$ 200. Ao término da capacitação, os participantes receberão um certificado de Agente de Desenvolvimento Local, com carga horária de 240 horas, expedido pelo Instituto Federal de Alagoas – IFAL. Após a formação, os alunos irão atuar como ADLs, passando a mobilizar as comunidades e difundir as TecABC entre agricultores familiares com apoio da equipe técnica do FUNPET. Além disso, eles atuarão junto a outros jovens na construção de um espaço de diálogo voltado ao protagonismo juvenil.

Agente de Desenvolvimento Local Ítalo Vinícius

O curso de Agente de Desenvolvimento Local já está dando frutos e entusiasma os jovens a permanecerem no local onde vivem. Esse é o caso da estudante do curso de agropecuária do IFAL Caroline Tavares, de 18 anos. “O curso nos ajuda a enxergar o potencial que a nossa comunidade tem. Aqui no Nordeste, geralmente quando as pessoas fazem seus 18 anos, simplesmente se mudam para outra cidade. O curso nos mostra e incentiva a gente a continuar no campo vivendo com dignidade. O nosso dever como ADL é atuar na comunidade, participamos de um grupo de base com o PRS caatinga e um grupo de jovens mostrando para eles o que dá para fazer na comunidade, que antes do curso a gente talvez nem soubesse que dava”.

Outro aluno satisfeito com a oportunidade é Ítalo Vinicius, de 19 anos. “Essa capacitação é muito proveitosa, pois é uma forma de aprendizado, onde a gente coloca em prática o que está sendo discutido, não só na nossa região, mas mundialmente. Além de desenvolver o que aprendemos com as comunidades beneficiadas pelo PRS Caatinga e dividir com os jovens da nossa comunidade. Eu acredito ser um grande avanço, não só para nós que estamos praticando o que aprendemos nas comunidades, mas também para quem está recebendo o conhecimento na sua propriedade”, comentou.

Moeda Caatinga aquece economia local com benefícios para os pequenos produtores e comércios

Por meio da parceria com o PRS Caatinga, a organização abriu o Banco FUNPET, que está viabilizando a abertura de conta bancária de forma menos burocrática e o acesso ao microcrédito por organizações de pequeno porte que envolvam diretamente os trabalhadores e trabalhadoras do campo e produtores e produtoras rurais autônomos. A ideia é combater a pobreza ao manter a circulação do dinheiro nas comunidades, aquecendo o desenvolvimento da região através da moeda social digital Caatinga.

Lançada em setembro de 2022, a moeda social Caatinga circulou pela primeira vez, com cédulas impressas, na 30º Expo Bacia Leiteira, que aconteceu em Barbalha. Atualmente, a Caatinga já circula de forma virtual, através de um aplicativo para celular e é aceita em diversos comércios dos municípios de Jacaré dos Homens, Jaramataia e Major Isidoro.

Seu João, proprietário de um restaurante em Barbalha ficou muito satisfeito em ter sido um dos pioneiros em adotar a moeda Caatinga. “Eu aceitei pela primeira vez durante a Exposição da Bacia Leiteira. Depois, muitas pessoas vieram ao meu restaurante e pagaram com a nova moeda. Fiquei muito feliz em poder aceitar e colaborar com a iniciativa”.

Moeda social Caatinga destaca agricultura de baixo carbono

Adoção das tecnologias de baixo carbono estimula conservação dos recursos naturais pelos agricultores

Michel Farias, técnico de ATER, especialista em TecABC

Michel Farias, técnico de ATER, vê como positiva o trabalho que vem sendo desenvolvido através do PRS Caatinga e destaca a animação dos participantes. “Através do resultado do nosso trabalho percebemos que os agricultores estão muito entusiasmados com as TecABC, pois vemos que as pessoas, hoje em dia, já têm uma preocupação com os impactos causados ao meio ambiente. A gente percebe que esses agricultores veem no Projeto uma alternativa e um incentivo maior para permanecer no lugar onde vivem, além do sentimento de preservação da caatinga que é muito importante”.

O produtor e ADL Ronaldo Pereira percebe um avanço com a chegada do PRS Caatinga. “Senti uma melhora não só como assistente técnico, pelo aprendizado, mas também como produtor. Na minha comunidade, Cajá dos Negros, tivemos uma grande evolução com os pequenos produtores, que antes não sabiam como trabalhar adequadamente. Hoje, eles estão cultivando mais nas suas próprias terras, aumentando sua renda com árvores frutíferas e tendo uma maior visibilidade. Antes do projeto, eles podiam até saber que na região tem muita riqueza, só que muitas vezes não sabiam como utilizá-la. Com o Projeto, eles viram outra forma para cultivar, como ter mais produção com a orientação dos técnicos”.

Para o coordenador do projeto, Adriano Ferreira, a parceria com o PRS Caatinga complementa atividades que já vinham sendo desenvolvidas. “O Projeto chegou em uma hora muito importante, pois veio fortalecer o trabalho que a gente já vem fazendo nas comunidades, com esse processo de agricultura regenerativa de baixo carbono e o fortalecimento dos APLs. A partir dessa parceria, portas são abertas e nós podemos vislumbrar um futuro.”

Articulação leva tecnologias de baixo carbono a diversas esferas da administração pública

Em paralelo ao trabalho desenvolvido junto às comunidades, o FUNPET vem difundindo as TecABC junto ao setor público com o intuito de incluir a agricultura regenerativa de baixo carbono em políticas nas três esferas municipais, estadual e federal. No campo da educação, por exemplo, houve a inclusão da temática da agricultura de baixo carbono e as TecABC em disciplinas de escolas públicas.

Em âmbito estadual, um primeiro resultado efetivo foi o espaço disponibilizado pelo Governo de Alagoas para a instalação de uma Unidade de Referência de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) no Parque de Exposições Mair Amaral em Batalha.

Coordenador Adriano Ferreira (com a camisa do PRS Caatinga)