PRS Caatinga é caso de sucesso no combate à desertificação no Sertão pernambucano

Patrisia Ciancio | 16 de junho de 2023

Parceria com a Fundação Araripe: projeto investe em práticas regenerativas e TecABCs para conservação da Caatinga

Área fundamentalmente afetada pela seca, o Sertão pernambucano é uma das regiões em que o PRS Caatinga vem mostrando resultados positivos no combate à desertificação. Em parceria com a Fundação Araripe, o projeto tem fomentado o desenvolvimento sustentável com a implementação de práticas regenerativas e Tecnologias Agrícolas de Baixo Carbono (TecABCs). Essa junção de forças tem por objetivo a conservação desse bioma único e altamente ameaçado.

O trabalho em conjunto beneficia diretamente 46 famílias, por meio do uso da TecABC Manejo Florestal Sustentável (MFS). São 14 hectares (ha) destinados ao manejo, 29 ha com sistemas de manejo pastoril de baixo carbono e 21 ha com práticas de conservação do solo e recuperação ambiental.

Segundo a coordenadora técnica da Fundação Araripe, Alinne Freire, “o objetivo dessa atuação é promover a produção agroecológica e regenerativa, garantindo a preservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos”.

Manejo Florestal Sustentável é prática eficaz para produzir sem danos ao meio ambiente

Uma mesma área – Antes e Depois do Manejo Florestal Sustentável

Um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, publicado em 2021, apontou que 13% da área do bioma entrou em processo de desertificação. A especialista explica que isso se deve principalmente ao uso indiscriminado do fogo. “Essa situação alarmante tem levado a Fundação Araripe e o PRS Caatinga a intensificarem seus esforços no combate ao uso indevido do solo e avanço da desertificação. Caso ações dessa natureza sejam interrompidas, a tendência é de que a paisagem e os serviços ecossistêmicos sejam ainda mais prejudicados ao longo do tempo”, explica Aline.

O MFS tem se mostrado uma prática eficaz ao promover o manejo correto da floresta, uma vez que possibilita a extração de madeira para uso comercial, como lenha e estacas, sem causar a perda de áreas florestais. Essa prática permite um ciclo rotativo de uso da madeira, mantendo o solo protegido pela cobertura vegetal e garantindo a disponibilidade desse recurso renovável para abastecer setores importantes da região, como o ceramista e o próprio polo gesseiro.

Caatinga conservada: áreas protegidas e vegetação nativa

A atuação da Fundação Araripe abrange três municípios pernambucanos: Exu, Santa Filomena e Santa Cruz. Nessas localidades há presença de áreas protegidas e vegetação nativa da Caatinga conservada. Regiões nas quais não são realizadas intervenções produtivas, mas sim mantidas a vegetação para auxiliar nos processos de proteção do ambiente e na manutenção da paisagem.

“Diante da urgência da situação em uma região suscetível à desertificação, temos focado em reduzir a conversão indiscriminada de áreas florestais em pastagens, estimulando a adoção de sistemas de manejo pastoril regenerativo. O processo de desertificação tem sido acelerado devido ao grande desmatamento que acontece na região”, enfatizou Aline.

A especialista louva ainda os esforços da Agricultura Familiar, enquanto setor que produz atualmente cerca de 70% da alimentação que abastece a mesa do brasileiro, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo uma atividade sobremaneira sustentável. “O segredo é produzir sem desmatar”, conclui.