PRS Caatinga comemora quatro anos de implementação

Patrisia Ciancio | 10 de setembro de 2023

No dia 3 de setembro de 2019 nascia o projeto que levou as TecABCs ao semiárido

A FBDS (Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável), o Governo do Reino Unido, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) realizaram juntos o PRS Caatnga, que no dia 3 de setembro de 2023 completou 4 anos de atividades no semiárido brasileiro, levando as tecnologias de baixo carbono para os agricultores rurais do Nordeste. O projeto superou as expectativas na qualidade de suas entregas, nas etapas de produção científica, capacitação e implementação das TecABCs como oportunidade de desenvolvimento no campo. 
Hoje o PRS Caatinga atua fortalecendo cooperativas, no propósito de combater a pobreza e aumentar a renda do agricultor com alternativas sustentáveis, e muito trabalho colaborativo, enaltecendo a potência que é a Agricultura Familiar Brasileira.

Em homenagem aos 4 anos de projeto, confira o que dizem membros da equipe e parceiros:

Pedro Leitão, diretor do PRS Caatinga:
“O projeto conseguiu comprovar a hipótese de que tecnologias agrícolas de baixa emissão de carbono são possíveis na Caatinga. Estamos saindo de um seminário interessantíssimo que corrobora o que fizemos e que nos permite entender que as nossas intuições estavam razoavelmente corretas. Aquilo que a gente conseguiu na prática corresponde ao que a Ciência diz que deve ser feito”.

Francisco Campello, coordenardor regional do PRS Caatinga:
“Fazendo uma avaliação, a gente pode dizer que o projeto teve um impacto positivo a partir do momento em que conseguiu, primeiro, provocar uma grande reflexão sobre o que é uma agricultura de baixo carbono. E a grande oportunidade foi perceber que as práticas de convivência com o semiárido, as tecnologias sociais, tão defendidas por esses agricultores familiares, estão muito próximas do que a gente chama de sistemas regenerativos resilientes de baixo carbono, que são concebidos, de uma forma mais simplória, como as tecnologias de baixo carbono. Nesse sentido, o projeto foi uma oportunidade muito estratégica porque ele mostra que o esforço pra gente poder perceber o agricultor familiar do semiárido como um protagonista, dentro dessa discussão tão necessária que o mundo hoje vem buscando, é muito pequeno”.

Professora Lúcia Marisy, vice-reitora da Univasf:
“Foi muito interessante essa participação porque abriu muitas possibilidades do ponto de vista de perceber a extensão rural com uma outra visão, com uma visão muito educativa de educação ambiental voltada para essas novas exigências da contenção de carbono. Foi uma experiência fantástica que muito contribuiu com a nossa universidade. A gente tem dado continuidade a esse processo no sentido de valorizar cada vez mais essa questão do Meio Ambiente, do respeito à diversidade e do respeito à Caatinga. Além disso, foram muitos estudantes que participaram da capacitação como extensionistas e que acabaram sendo aprovados no mestrado e até no doutorado. A gente tinha até alunos que fizeram, que já eram mestres, e que chegaram na nossa instituição no doutorado e, portanto, isso foi um ganho extraordinário. Então, a gente tem muito a agradecer ao PRS Caatinga por essa contribuição que foi dada”.

Liana Gemunder, coordenadora do PRS Caatinga
“Esse projeto proporcionou ir a campo e estar em contato com esses cinco estados em que a gente atua – Alagoas, Sergipe, Bahia, Pernambuco e Piauí. Foi uma experiência incrível para mim, poder lidar com essas pessoas e ter contato com essas entidades que fazem parte do projeto. A gente tem 20 entidades de APLs (Arranjos Produtivos Locais) que fazem parte do projeto com seus agricultores rurais, onde a gente desenvolveu as UDs (Unidades Demonstrativas) e as UMs (Unidades Multiplicadoras). A gente fez um curso de capacitação, e nele formamos 700 pessoas. Esse conhecimento que os técnicos de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) tiveram nesse curso de capacitação foi levado para esses APLs. Dessa forma, esses agricultores puderam aprimorar o conhecimento que já tinham da agricultura de baixa emissão de carbono nas propriedades deles e assim desenvolver melhor a sua capacidade e produzir melhor de uma maneira mais sustentável”.

Renata Barreto, coordenadora Científica do PRS Caatinga
“Esses quatro anos de projeto foram muito produtivos. Nós tivemos o primeiro componente de geração de informações e conhecimento sobre as tecnologias agrícolas de baixo carbono para a Caatinga, conseguimos desenvolver sistemas específicos para cada uma das cinco regiões que atuamos. Levamos isso ao produtor após um curso de capacitação, que foi nosso segundo componente, no qual a gente conseguiu capacitar cerca de 700 alunos. Foi muito importante porque a gente conseguiu unir todo o conhecimento científico que desenvolvemos com a capacitação dos produtores e técnicos. Foi um divisor de águas esse tipo de trabalho, porque conseguimos juntar um pacote de informações sobre as tecnologias agrícolas de baixo carbono, específicas para a Caatinga, e levar isso direto ao produtor”.

Salete Moraes, pesquisadora da Embrapa Semiárido e membro do Comitê Técnico Territorial:
“Em 2017, eu tive a felicidade de encontrar o diretor Pedro Leitão em um evento. Ele estava se situando sobre a necessidade de ter um Programa Rural Sustentável para o bioma Caatinga. Essa conversa foi muito feliz porque, meses depois, nós nos reunimos com outras entidades, outras pessoas e a roda do PRS para o bioma Caatinga tinha que girar. O Programa Rural Sustentável, com toda essa coordenação da Fundação Brasileira de Desenvolvimento Sustentável, foi fundamental para que algumas tecnologias, que são específicas e adaptadas para essa caracterização do semiárido – tão adversa, com tipos de solos diferentes, solos mais ou menos férteis, pouca chuva – fossem realmente valorizadas em implementadas”.