PRS Caatinga colaborou para inovação no campo

Patrisia Ciancio | 5 de dezembro de 2023

Conjunto de técnicas implementadas no bioma é um dos legados do Projeto

Ao longo de quatro anos de implementação, o PRS Caatinga fomentou a adoção de práticas de Baixo Carbono nas pequenas propriedades do Semiário Nordestino, visando o desenvolvimento sustentável. A iniciativa se traduziu em qualidade de vida para as comunidades rurais que, historicamente, têm a agricultura moldada pela escassez de recursos naturais. O Projeto mostrou novos caminhos e oportunidades com as tecnologias de baixo carbono.

"Durante muito tempo trabalhando em fomento à sustentabilidade ambiental, senti a necessidade de ressaltar a importância e o valor da Caatinga. Em 2019, surgiu a oportunidade", conta o Diretor do PRS Caatinga, Pedro Leitão.

Reconhecendo o valor da Caatinga

Desde sua concepção, o PRS Caatinga reconhece a importância da conservação deste bioma único. Por isso, toda a estratégia de implementação teve como base o reconhecimento do valor da Caatinga e a compreensão de que sua preservação é fundamental.

Para tanto, o primeiro esforço se deu por meio do desenvolvimento de nove estudos sobre aspectos sociais e econômicos do semiárido. Foram eles que pavimentaram os caminhos a serem seguidos pela equipe, que contou também com o apoio do então recém formado Comitê Técnico Territorial, um grupo de especialistas locais que forneceram informações técnicas e proporcionaram trocas de experiência.

Por meio dessas primeiras ações, a equipe identificou a necessidade de formar profissionais de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) nas Tecnologias Agrícolas de Baixo Carbono. Nascia assim o Curso de Capacitação em TecABC e Convivência com o Semiárido, realizado em parceria com a Universidade Federal do Vale São Francisco (Univasf).

Mesmo tendo a pandemia de Covid-19 como obstáculo, PRS Caatinga e Univasf conseguiram ministrar o curso de forma híbrida. Mas se formar técnicos por meio de ensino à distância (EAD) era um desafio, o Projeto conseguiu superá-lo dando um salto de 125 para 700 alunos certificados.

Oferta de bens humanizou o trabalho no campo

Com profissionais de ATER aptos a orientar os pequenos produtores, o PRS Caatinga dava o passo que faltava para a implementação. Novamente, a equipe foi além e investiu em equipamentos para facilitar o trabalho no campo. O Projeto forneceu desde sementes e mudas até pequenas máquinas, como tratoritos e roçadeiras. Como resultado, o trabalho pode ser melhor dividido entre as famílias, proporcionando maior inclusão de mulheres e jovens.

Foram justamente os últimos os mais afetados por essa mudança. Com maquinário substituindo o trabalho pesado da enxada, os jovens passaram a demonstrar maior interesse pelo trabalho no campo, um alento para muitas famílias que sofrem com o êxodo rural.

“Muitos jovens querem sair porque não querem estar com uma enxada na mão, mas quando há investimentos em equipamentos como tratorito, por exemplo, você coloca o agricultor em um ambiente mais moderno, isso em termos de futuro é mostrar um caminho”, explica o Coordenador Regional do PRS Caatinga, Francisco Campello.

O conjunto de novas informações técnicas e científicas que o PRS Caatinga implementou no bioma é um dos legados do projeto. São tecnologias que dialogam com agendas globais e locais e que buscam alavancar um futuro sustentável na Caatinga – agora mais alinhadas à perspectiva climática. Elas fomentam uma gestão adequada de recursos hídricos, de manejo, de preservação da biodiversidade.