Parceria do Projeto PRS Caatinga e Acoterra viabiliza ações que fortalecem a Assistência Técnica Rural e a cadeia produtiva sustentável do licuri

A parceria entre o Projeto Rural Sustentável Caatinga e a Associação Comunitária Terra Sertaneja (Acoterra), sediada em Monte Santo (BA), tem rendido bons frutos, especialmente do licuri (Syagrus coronata). Produzido tradicionalmente em várias regiões no Bioma Caatinga, a chamada “palmeira sertaneja” produz “o ouro verde do semiárido”, como é conhecida a amêndoa, rica em óleo e de grande potencial para inúmeras aplicações farmacológica, cosmética e gastronômica.

Dentro dessa realidade, a Acoterra desenvolve um trabalho junto às comunidades extrativistas há 16 anos. No âmbito do PRS Caatinga, se propôs a executar um trabalho que envolve diretamente 125 mulheres extrativistas, em sete comunidades rurais e três municípios (Monte Santo – Comunidades de Genipapo de Cima e Lagoa do Pimentel; Cansanção-Comunidades de Sítio do Félix, Viveiros e Maria Preta; Queimadas- Comunidades de Tanques e Gado Bravo), todos na região nordeste da Bahia, totalizando aproximadamente 500 pessoas .

Alaide dos Santos Monteiro, da comunidade de Pau de Colher, é uma das muitas produtoras de licuri que tiveram sua vida transformada pelo PRS Caatinga. “ Antigamente, a gente catava o licuri, mas ele ficava aí, criando cascudo. A gente jogava fora porque não tinha quem comprasse e ele se perdia. Agora, com esse projeto, conseguimos vender todos,” comemora.

Trabalho de Manejo Florestal Sustentável é destaque entre as ações desenvolvidas

Esse trabalho é desenvolvido com 126 famílias agricultoras, em 8 Unidades Demonstrativas e 118 Unidades Multiplicadoras. A ACOTERRA trabalha com uma área total de 59,14 ha, sendo 36,69 ha de Integração Lavoura Pecuária e Floresta – ILPF, 21,95 ha de Área Conservada e 0,5 ha de Área de Restauração. As ações são baseadas na recuperação e preservação ambiental, através de tecnologias agrícolas de baixo carbono, enriquecendo as áreas degradadas com o transplantio de licurizeiro e espécies forrageiras, com ênfase à palma forrageira, mandacaru e macambira.

Cléber Santos Nunes, morador da comunidade de Poço Danta, no município de Monte Santo, é um dos parceiros do projeto que identifica a importância das ações desenvolvidas, principalmente por trabalhar o Manejo Sustentável. “Sou beneficiário do projeto PRS Caatinga e tenho a implantação de uma Unidade Multiplicadora (UM), com plantio de licuri, mandacaru e outras plantas nativas da Caatinga. O projeto tem uma grande importância, pois trabalha com uma prática adequada e trabalha o Manejo Sustentável dentro do nosso Bioma Caatinga. E tem um desenvolvimento muito importante, por manter a floresta, o sustento com a pecuária e a lavoura na nossa região. Trabalhando uma prática que traz muitos benefícios para nós produtores”, afirma.

Projeto fortalece o trabalho de Assistência Técnica Rural junto aos agricultores

A Acoterra oferece ações de Assistência Técnica Rural (ATER) especializada, às famílias agricultoras beneficiadas pelo projeto, para extrativistas, e essa é uma das ações que o professor Nelson Lopes, destaca como sendo a mais relevante. “O fortalecimento da nossa assistência técnica junto aos agricultores, que a gente já tinha, mas não com essa robustez e essa intensidade que o projeto possibilita e também esse resgate da importância da visão que a nossa atividade de extrativismo do licuri também é uma atividade que muda a paisagem, resgata o carbono e contribui para a mudança do clima de forma global. Essa visão a gente tinha,mas não com essa discussão tão aprofundada”.

O professor considera umas das mais importantes a atividade de transmissão de conhecimento, através dos técnicos de ATER, qualificados tanto pelo Programa de Capacitação em Tecnologias Agrícolas de Baixo Carbono, como também por meio das capacitações permanentes que ocorrem sistematicamente na equipe da organização, por fortalecer o extrativismo sustentável e medida que passa esse aprendizado adiante. Lopes destaca que a transmissão desse conhecimento e a mudança de paradigmas, com respeito às práticas tradicionais das famílias agricultoras, principalmente as mulheres que trabalham com essa cultura é um dos maiores legados que o PRS Caatinga deixa.

Andreson Souza é técnico de Assistência Técnica Rural e fez parte do Programa de Capacitação do PRS. Trabalha junto às comunidades e destaca a troca de saberes com as famílias beneficiárias do projeto, trabalhando com tecnologias ABC combinadas à produção e aproveitamento do licuri, “No decorrer das ações desenvolvidas, foi possível refletir que exercer a assistência técnica é enxergar além das metas de um projeto, sobretudo, nas situações em meio às atividades de campo, é comum o (a) profissional se deparar com novos desafios e que cabe ao mesmo (a) ter a iniciativa para apresentar soluções”, falou o técnico.

E completa, “No contexto do APL do licuri, fica como legado a troca de saberes com as famílias beneficiárias do projeto, trabalhando com tecnologias ABC combinadas à produção e aproveitamento do licuri, enxergando que, deste fruto tudo se aproveita, através do aproveitamento integral do fruto, que vai desde o pelo (epicarpo e mesocarpo), casca (endocarpo) e a amêndoa. E que isso, promove a agregação de valor aos produtos, resulta em geração de renda familiar e perpetua o extrativismo sustentável do licuri, finaliza Anderson”.

Esse conhecimento passado para as famílias agricultoras gera, além de novos aprendizados, um incremento na renda dos agricultores e agricultoras, como acontece na realidade de Rita Santana, da comunidade de Rio Pequeno, que afirma que o projeto é muito útil, pois proporciona meios de aumentar sua renda. “O PRS é um projeto que envolve um trabalho maravilhoso, que nos orienta a plantar palma e o licuri e árvores que dão fruta, sendo um ponto muito positivo para nós que vamos poder ganhar um dinheiro extra. Só tenho a parabenizar quem articula esse projeto.”

O professor Nelson Lopes ressalta que o fortalecimento do extrativismo sustentável e das unidades de beneficiamento do licuri, com a aquisição de equipamentos e máquinas, é o que ele considera uma das mais importantes em termos de ação prática do PRS Caatinga. “O projeto trabalha na ponta e vai possibilitar que a mulher que faz o extrativismo do licuri, tenha onde comercializar esse produto e esse era um problema aqui, porque a gente não tinha para onde escoar.