“O mundo hoje busca trabalhar sistemas regenerativos de baixo carbono”, diz Francisco Campello

Patrisia Ciancio | 23 de junho de 2022

Afirmação do coordenador regional do PRS Caatinga durante evento da FIEPE-PE defende manejo sustentável no bioma

Com o aumento do preço do Gás Natural e do botijão, o uso da lenha voltou a ser recorrente, sobretudo no preparo de alimentos. E na Caatinga, os fogões agroecológicos são um exemplo das tecnologias sociais que lidam com a questão da energia . “A gente não precisa ter medo de usar lenha como matriz energética, desde que seja com sustentabilidade”, destacou o coordenador regional do PRS Caatinga, Francisco Campello, durante o evento FIEPE Ambiental, da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco, no dia 21 de junho. “O mundo hoje busca trabalhar sistemas regenerativos de baixo carbono”, sublinhou.

“A vocação da Caatinga é energética, porém, mediante sábio manejo dos recursos naturais”, disse Campello, que na ocasião fez uma palestra sobre “O uso sustentável da Caatinga como oportunidade para o desenvolvimento sustentável regional”.

O tema do encontro foi “Bioma Caatinga: Aproveitamento do Potencial do semiárido nordestino”. Um seminário com especialistas que apresentaram suas visões e soluções para a região – entre elas a agricultura regenerativa com as tecnologias de baixo carbono – e casos de sucesso, entre eles projetos para valorização dos produtos da Caatinga com ênfase nas propriedades alimentícias e farmacológicas do umbu.

Uso sustentável dos recursos naturais: uma meta para o mundo

A Caatinga cobre 75% da área territorial do Nordeste. Mas, segundo Campello, é preciso entender as diferenças entre o potencial do bioma e o seu espaço geográfico. “Muitas vezes a presença do recurso florestal não é percebida. Cerca de 30% da matriz energética do Nordeste depende da biomassa florestal. O uso sustentável dos recursos naturais não é só uma meta para o bioma, é uma meta para o mundo”, sublinhou.

Segundo o especialista, é preciso desenvolver um olhar estratégico para reconhecer o manejo florestal como uma ferramenta de gestão. E se isso não acontecer, as florestas não estarão inseridas no desenvolvimento da região. Mais de 50% da área do bioma possui cobertura vegetal. Para Campello, a simplicidade do manejo e a resiliência são determinantes para o potencial de uso da Caatinga.

“A Caatinga se regenera, ela cresce. Não podemos ter medo de fazer uso da Caatinga. Temos mais de 6 milhões de hectares que podem ser manejados, além das reservas ambientais legais, que são passíveis de uso, dentro dos parâmetros legais. Uso sustentável é diferente de desmatamento. Há 2.800 km2 por ano de desmatamento na Caatinga”, afirmou Campello.

Outros convidados do FIEPE Ambiental foram Marcia Vanusa, professora da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE e coordenadora do Núcleo de Bioprospecção e Conservação da Caatinga – Nbiocaat; Denise Cardoso, presidente da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá, a Coopercuc, e Ceissa Costa, presidente do Sindicato da Indústria de Gesso de Pernambuco e vice-presidente da FIEPE.