I Fórum de Negócios da Sociobioeconomia da Caatinga reúne representantes do MAPA, Embrapa e Univasf em mesa de abertura

Patrisia Ciancio | 29 de março de 2023

Debate destacou a importância de agricultores para garantir a segurança alimentar e enfrentar as mudanças climáticas

Promovido pelo PRS Caatinga, o I Fórum de Negócios da Sociobioeconomia da Caatinga, realizado no dia 14 de março, reuniu na sua mesa de abertura representantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Na ocasião, os participantes falaram sobre a necessidade global de enfrentar os desafios da segurança alimentar e reduzir os impactos que causam as mudanças climáticas – fazendo um recorte, nesse cenário, das contribuições do bioma Caatinga.

Pedro Leitão, Diretor do PRS Caatinga

“Qual é a nossa capacidade de contribuir para a segurança alimentar de 9 bilhões de pessoas daqui a 30 anos? Como a Caatinga pode ajudar na agenda do clima? Como as cooperativas lidam com a possibilidade de levar ao mercado os produtos de baixo carbono?”. Essas foram algumas questões colocadas por Pedro Leitão, diretor do PRS Caatinga e mediador do primeiro painel, para iniciar o debate sobre oportunidades de negócio a partir da sociobioeconomia.

A bioeconomia trata do uso sustentável dos recursos naturais, e vem se consolidando como uma estratégia de enfrentamento às mudanças climáticas e aos desafios globais da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas – ONU. Por isso, o uso do solo com menor impacto, conservação da biodiversidade, promoção de renda e geração de trabalho e vida digna foram temas que permearam o evento.

Debate reúne representantes do governo, da pesquisa e educação

O debate foi um compartilhamento de ideias e experiências de especialistas que atuam diretamente com a realidade da Caatinga. Paulo Eduardo de Melo, diretor do AgroNordeste, do MAPA, enfatizou na sua fala a preocupação com a sustentabilidade econômica do pequeno produtor. O Ministério é beneficiário formal do acordo de cooperação entre os governos brasileiro e do Reino Unido, que viabiliza o PRS Caatinga.

“As diretrizes do AgroNordeste são a valorização da biodiversidade e dos produtos da região, os quais eu particularmente chamo de produtos de identidade. Não é possível obter mel de floradas da Caatinga que não seja na Caatinga. É muito importante que a gente faça da biodiversidade uma conservação pelo uso. Queremos que sejam desenvolvidos sistemas produtivos, usando a biodiversidade e as tecnologias disponíveis”, disse Melo.

Anderson Sevilha, do Projeto Bem Diverso

O coordenador nacional do Projeto Bem Diverso e pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Anderson Sevilha, agradeceu os representantes das comunidades locais presentes no encontro.

“Obrigado por vocês existirem. A partir dessa resistência que a gente é capaz de construir essa agenda. Esse povo mostrou isso, as mulheres mostram isso. Estamos em um mês que se comemora a luta das mulheres. Vejo aqui muitos participantes oriundos das comunidades e gostaria de agradecer a existência e persistência de vocês”, enfatizou.

Sevilha chamou atenção para o tamanho do desafio das cooperativas para acessar mercados. “Os produtores e as cooperativas são responsáveis por processos que, em uma trajetória normal de uma empresa, haveria uma grande organização por trás, que cuidaria do sistema produtivo, da logística, da capacitação em campo, de identificar as necessidades de mercado, da comercialização, da gestão econômica com modelos sustentáveis, e ainda, cuidar da gestão em si do negócio, contábil, administrativo e de pessoas.

Tecnologias e capacitação devem estar à serviço dos agricultores familiares

O agricultor deve manejar, conservar e restaurar os ecossistemas para continuar produzindo. No entanto, é preciso disponibilizar as tecnologias e a formação continuada, desde as escolas agrícolas até a formação em Assistência Técnica e Extensão Rural, comentou o especialista da Embrapa. “É preciso trazer o conhecimento tradicional ao mesmo nível do conhecimento científico. As soluções são muitas, mas precisamos identificar e resolver os entraves para dar fim a essa história toda que coloca mais de 33 milhões de pessoas em situação de fome e 100 milhões em situação de insegurança alimentar, sendo que temos uma riqueza muito grande dentro dos nossos biomas”, afirmou.

Profa Lucia Marisy, da UNIVASF

Como gancho dessa fala, a professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial (PPGADT) da Univasf, Lucia Marisy, detalhou que as atividades da instituição estão focadas no trabalho continuado, no investimento em Educação, no Social, na Saúde e Segurança Alimentar como mecanismos de combate à pobreza e à fome.

– Tudo isso está vinculado a mudanças climáticas. Estamos instituindo aos poucos modelos que possam servir de campo de pesquisa, como o Sisteminha Embrapa, que trabalha o modelo de produção integrada, além da formação em extensionismo que ganhou força com o PRS Caatinga. Temos muitas experiências de nossos pesquisadores em segurança alimentar nas perspectivas da coletividade, solidariedade, cooperação e conscientização para uso das tecnologias -, explicou.

Saiba mais

O I Fórum de Negócios da Sociobioeconomia da Caatinga aconteceu no dia 14 de março, no Espaço Plural da UNIVASF, em Juazeiro (BA). Assista ao evento na íntegra em:

https://www.youtube.com/watch?v=EnB...