I Fórum de Negócios da Sociobioeconomia da Caatinga aborda desafios do beneficiamento e da comercialização do licuri e da apicultura

Patrisia Ciancio | 30 de março de 2023

Tecnologias de baixo carbono são um diferencial para produtos que circulam em mercados antenados com sustentabilidade

As experiências de dois Arranjos Produtivos Locais apoiados pelo PRS Caatinga no beneficiamento e na comercialização do licuri e também na apicultura permearam o tema da terceira mesa redonda do I Fórum de Negócios da Sociobioeconomia da Caatinga. Participaram do debate representantes da Associação Comunitária Terra Sertaneja (Acoterra) e da Cooperativa Mista dos Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes (Comapi). O painel teve mediação da coordenadora Científica do PRS Caatinga, Renata Barreto.

Gerusa Alves, da Acoterra

Gerusa Alves, presidente da Acoterra, contou que a entidade está há mais de 15 anos trabalhando com os sistemas produtivos do licuri – uma palmeira extremamente versátil, cujas folhas são utilizadas no artesanato, suas amêndoas são a base de cervejas, doces, óleos e azeites, e seus resíduos são utilizados como biomassa para segurança energética. A presidente destacou que a mão de obra envolvida nos sistemas produtivos do licuri é essencialmente feminina e que ganhou novo impulso com tecnologias, que diminuíram o trabalho braçal. “Hoje temos vários produtos comercializados pela região e em boa parte da Bahia”.

Anderson de Souza, vice-secretário da Acoterra, ressaltou a importância da promoção da educação em comunidades quilombolas com uma abordagem que dialogue com a realidade dos jovens. “A escola [família agrícola] faz esse trabalho com a Acoterra. O extrativismo sustentável é o que se preconiza nesses 15 anos. A produção é muito expressiva e não beneficiamos nem 10%. Com o PRS Caatinga, estamos reforçando a manutenção da Caatinga em pé com a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta”, disse.

Mel de exportação agora também é de baixo carbono

Sérgio Viana, da Comapi

Sérgio Viana, gerente geral da Comapi, enalteceu o trabalho de apicultura com comunidades rurais de Simplício Mendes e arredores. Os produtos da Comapi são resultado do trabalho de aproximadamente 900 apicultores da Agricultura Familiar, que estão conquistando os mercados mais exigentes do mundo. Seus produtos possuem certificação do Ministério da Agricultura (SIF), da agência norte americana Food and Drug Administration (FDA), do IBD (produto orgânico), Fairtrade (comércio justo), Non GMO (produto geneticamente não modificado), True Source (que rastreia se a origem do produto está em conformidade com as leis internacionais de comércio) e, ainda, o Selo Nacional da Agricultura Familiar- SENAF.

– Hoje temos cerca de mil pessoas trabalhando com o mel, advindas de comunidades muito vulneráveis. A Comapi exporta 97% de sua produção. O nosso maior desafio para acessar o mercado interno é fornecer mais informação para que ele consuma mel. Temos uma gratidão imensa ao PRS Caatinga, a gente agradece o apoio nessa estruturação da informação -, afirmou Viana.

Saiba mais

O I Fórum de Negócios da Sociobioeconomia da Caatinga aconteceu no dia 14 de março, no Espaço Plural da UNIVASF, em Juazeiro (BA). Assista ao evento na íntegra em:

https://www.youtube.com/watch?v=EnB...