Dia Mundial do Meio Ambiente: saber tradicional e inovação tecnológica fazem da Caatinga um bioma sustentável

Patrisia Ciancio | 5 de junho de 2023

Experiência do PRS Caatinga mostra que o bioma mais brasileiro pode ser um celeiro de inovações

Há dois anos, o PRS Caatinga iniciava um trabalho de adoção das Tecnologias Agrícolas de Baixo Carbono (TecABCs) no semiárido. Como parte desse processo, estabeleceu parcerias com 20 organizações do Nordeste, com um ousado objetivo: mostrar não só que saberes ancestrais combinam com inovação tecnológica, mas sim a fórmula para caminhos sustentáveis, agregando ainda mais valor aos produtos da agricultura familiar.

Evocando a máxima “conservar para produzir, produzir para conservar”, o PRS Caatinga mostrou que o mais brasileiro dos biomas pode se tornar exemplo e celeiro de boas práticas de agricultura sustentável e de baixo carbono. Com o braço acadêmico da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), formou e capacitou profissionais que foram para o campo, lado a lado com os produtores rurais, para implementar as TecABCs e trocar experiências.

“A maior mensagem que o PRS Caatinga deixa neste Dia Mundial do Meio Ambiente é que a gente precisa valorizar a Caatinga, que é o único bioma exclusivamente brasileiro. É resiliente, resistente às vulnerabilidades climáticas e possui tecnologias sociais que podem fortalecer as tecnologias agrícolas de baixo carbono”, disse Renata Barreto, coordenadora Científica do projeto.

“Mostramos que a agricultura familiar da Caatinga pode implementar tecnologias agrícolas de baixo carbono com eficiência”

A coordenadora defende que o maior legado do projeto é mostrar que a agricultura familiar no bioma da Caatinga pode implementar tecnologias agrícolas de baixo carbono com eficiência. Tudo isso, sem deixar de lado seus tradicionais saberes de conservação de solo e água, enquanto atinge metas importantes de redução de emissões de CO2, contribuindo para as reduções de emissões de gases de efeito estufa.

“A Caatinga é um bioma que precisa ser melhor compreendido e muito mais valorizado para que possa ajudar nas metas de redução de emissões que assumimos para o Brasil até 2050”, enfatizou Renata.

Segundo a especialista, a NDC Brasileira- Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) estabelece que é preciso reduzir as emissões em 43% até 2030, em relação às emissões de 2005. E em 2021, o Brasil se comprometeu em reduzir as emissões em 50% até 2030 e neutralizá-las até 2050. “Assim sendo, a manutenção e recuperação dos nossos biomas têm fundamental importância para a compensação de toda emissão do país”, concluiu.

Imagens: João Vital