Cooperativismo viabiliza vocação da Caatinga para segurança alimentar
| 18 de dezembro de 2023
PRS Caatinga investiu no fortalecimento de cooperativas e associações
A Caatinga tem importância estratégica para a segurança alimentar. É no bioma que se encontram mais de 50% dos empreendimentos de agricultura familiar do país, atividade responsável por cerca de 60% do que chega à mesa do brasileiro. Grande parte por meio do trabalho de cooperativas e associações.
“A Caatinga tem grande potencial para estar no rol dos importantes provedores de segurança alimentar. A Agricultura Familiar, que já inclui em sua prática Tecnologias Sociais de Convivência com o Semiárido, é fundamental para essa transformação”, defende o Diretor do Projeto Rural Sustentável Caatinga (PRS Caatinga), Pedro Leitão.
O PRS Caatinga viu no fortalecimento de cooperativas e associações o instrumento necessário para viabilizar essa vocação, por meio do incentivo a uma produção agrícola mais sustentável e, consequentemente, com melhor qualidade e valor de mercado. Para tanto, o projeto promoveu, no último trimestre do ano, uma série de oficinas com representantes de cooperativas e associações cadastradas no Projeto, a fim de aprimorar seu conhecimento sobre planejamento e gestão da marca para ampliar seu acesso a mercados relevantes.
Essa foi a etapa final de uma estratégia iniciada no I Fórum de Sociobioeconomia da Caatinga, realizado em março deste ano. Em seguida, foram desenvolvidos Planos Estratégicos de Ação, que permitiram às cooperativas e associações identificar seu grau de maturidade a partir de uma análise de objetivos, gargalos e oportunidades.
“O potencial de comercialização dos produtos da agricultura familiar e do extrativismo na Caatinga é significativo, contribuindo tanto para a segurança alimentar quanto para o desenvolvimento econômico das comunidades locais”, afirma a especialista em Sociobioeconomia do Projeto, Luciana Villa Nova.
Mercado privado ainda é um desafio
O potencial de comercialização dos produtos da agricultura familiar na Caatinga deve ser avaliado não apenas pelo aspecto econômico, mas também por sua contribuição para a segurança alimentar. Na região, a atividade destina a maior parte de sua produção para consumo próprio. Mas há também importantes canais de comercialização, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e a feiras livres, que impulsionam o desenvolvimento econômico das comunidades.
O grande desafio é chegar ao mercado privado - varejistas e atacadistas locais, regionais, nacionais e até internacionais -, no qual os produtos provenientes de práticas sustentáveis poderiam adquirir um valor mais alto, especialmente os produzidos com espécies excluvivas da Caatinga, como maracujá da Caatinga, umbu e licuri. O Nordeste lidera a produção nacional de diversos desses produtos, com destaque para a Bahia na produção de umbu e licuri.
“O extrativismo sustentável da biodiversidade da Caatinga mostra grande potencial, com produtos como babaçu, buriti, carnaúba, licuri, pequi e umbu, destacando-se por sua exclusividade na região”, afirma a especialista em Sociobioeconomia do PRS Caatinga, Luciana Villa Nova.