PRS Caatinga e Cootapi transformam gases de efeito estufa em recursos sustentáveis

Patrisia Ciancio | 18 de abril de 2023

Integração Lavoura Pecuária Floresta, combinada com biodigestores, produz biogás e biofertilizantes para 36 famílias no Piauí

A parceria do PRS Caatinga com a Cooperativa de Trabalho de Prestação de Serviços para o Desenvolvimento Rural Sustentável da Agricultura Familiar (Cootapi) está reduzindo a emissão de gases de efeito estufa na produção de alimentos. Ao mesmo tempo, transforma esses gases em recursos sustentáveis, gerando produtos como o biogás e o biofertilizante para 36 famílias de agricultores familiares, no município de Campo Alegre do Fidalgo, no interior do Piauí.

A iniciativa combina a tecnologia de baixo carbono da Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) com a tecnologia social do biodigestor, que produz o biogás utilizado como matriz energética dos fogões que preparam as refeições, e o biofertilizante utilizado na lavoura e considerado matéria riquíssima para adubação de plantas de forma sustentável. Estima-se que cada família equipada com um biodigestor na sua residência está reduzindo em um terço os seus custos com a aquisição de gás.

Início da implementação em uma das propriedades

“O esterco animal, que estaria no campo antes, gerariam gases que seriam ruins para a camada de ozônio. Agora, teremos esse mesmo esterco gerando os mesmos gases, só que para a queima, gerando assim uma matriz energética que garante o gás para uso nas casas. Além do biogás, teremos também o biofertilizante, que será utilizado depois para adubação das plantas daquela residência familiar”, explicou Josebeto Vieira Lima dos Santos, coordenador técnico da Cootapi. A iniciativa prevê duas áreas de ILPF, como explica a liderança da cooperativa:

– Uma área de ILPF terá linhas de árvores escolhidas a dedo, consorciadas com gramíneas. As árvores são nativas e selecionadas por serem mais responsivas à nossa região. E também servirão de alimentos para caprinos e ovinos. A outra área de ILPF será de fruticultura perene, entre elas a palma. O caju e árvores nativas foram escolhidos também por conta da apicultura. Além de ter leguminosas com alto teor nutritivo, a florada das leguminosas e do caju servem ainda como pasto apícola. Depois de dois meses do término do período chuvoso, as vegetações ficam secas e as abelhas migram. Com a florada e o pedúnculo do caju para alimentação das abelhas, vai diminuir essa migração -, detalhou.

“As leguminosas nativas como feijão guandu, gliricídia e leucena contribuem para a conservação do solo e incrementam os teores nutricionais de proteínas para os caprinos. As gramíneas também são resistentes às secas e às queimadas. “Fazendo o manejo correto teremos um capim de corte que servirá de alimentação nos períodos mais quentes do ano. Teremos assim o feno no período seco, mantendo a alimentação desses animais por mais tempo e ao longo do ano. Na fruticultura perene, contendo o caju, consorciado com a Palma forrageira ou a palma miúda”, disse o coordenador da Cootapi.

“Estamos recebendo esse Projeto de braços abertos”, disse produtor

Agricultor José Rodrigues

Conhecido como Sidão, o agricultor José Rodrigues de Souza, de Campo Alegre do Fidalgo, acredita que as tecnologias de baixo carbono são uma maneira de sustentar melhor o biodigestor, além de aproveitar o esterco do gado. Para ele, o PRS Caatinga está vindo somar.

“O Projeto vem melhorar a qualidade de vida das famílias, podendo melhorar a renda e o plantio dessas mudas, para que você alimente seus animais mais adequadamente. É uma benção, o plantio de caju, por exemplo. É muito bom, essa florada ajuda na questão da estiagem, por ser uma planta muito resistente. Nós aqui somos criadores de abelhas, com essa florada, no tempo que não tem chuva, vai ajudar as abelhas se alimentarem”, comemorou Sidão.

O agricultor afirmou ainda que tem esperança que a tecnologia de baixo carbono ajude muitas famílias. “Nós precisamos de mais investimentos, que vai complementar a renda da gente com esse desenvolvimento. Só temos a ganhar. Eu agradeço o Projeto, esse biodigestor vai evitar incêndio e vai economizar o gasto com gás. Vai diminuir esse gasto porque vamos produzir aqui mesmo. Então o projeto é bom, só tenho a agradecer e estamos recebendo ele de braços abertos”, disse.