PRS Caatinga apoia iniciativa do FUNPET na criação da moeda social Caatinga

Anne Clinio, Patrícia Lyra | 19 de agosto de 2022

Circulação da moeda será iniciada na Expo Bacia Leiteira fortalecendo a produção e o comércio local

O Projeto Rural Sustentável Caatinga, parceiro do Fundo Nacional de Permanência na Terra – FUNPET, apoia a iniciativa da criação da moeda social digital Caatinga, que será apresentada durante o lançamento da 39ª Expo Bacia Leiteira 2022 – maior evento especializado da pecuária de leite do Nordeste, no próximo dia 19 de agosto, no Parque Mair Amaral, em Batalha/AL, às 15h.

A criação da moeda Caatinga tem como objetivo combater a pobreza ao fortalecer a economia local através da circulação em comércios locais dos municípios de Batalha, Jacaré dos Homens, Jaramataia e Major Isidoro. Criadas como estratégia do movimento da economia solidária, as moedas sociais complementam a moeda oficial (o real) e seu principal diferencial é manter a circulação do dinheiro nas comunidades, aquecendo o desenvolvimento local.

Em uma ação de divulgação, a moeda Caatinga vai ser aceita durante a Expo Bacia Leiteira, que acontecerá entre os dias 14 e 17 de setembro. Posteriormente, ela será usada na sua versão digital, a Caatinga e-dinheiro. Os estabelecimentos que tenham interesse em comercializar com a moeda digital vão operacionalizá-la através de um aplicativo que permite fazer pagamentos e receber valores.

Moeda social Caatinga destaca agricultura de baixo carbono

Moeda social é estratégia para uma economia solidária

O diretor do PRS Caatinga, Pedro Leitão, falou sobre a importância de incentivar iniciativas como a do FUNPET, uma das organizações apoiadas pelo Projeto no desenvolvimento de uma agricultura regenerativa de baixa emissão de carbono na região e no combate à pobreza. “A moeda social Caatinga, em seu formatodigital, é pioneira em Alagoas. O fato de ser local, além de fortalecer a economia deste território, vai gerar um sentimento de identidade entre os produtores e produtoras rurais, comerciantes e consumidores, fortalecendo os estabelecimentos, a produção e o comércio local”.

Para o coordenador Adriano Ferreira, o objetivo da criação da moeda Caatinga, por meio do Banco FUNPET, foi a de fomentar atividades econômicas ligadas à agricultura familiar e oportunizar serviços inacessíveis até então.

“Essa é uma ação de empreendedorismo social que trabalhará de forma integrada. Os técnicos de ATER, contratados pelo PRS, vão destinar 30% do seu vencimento em compras com a nossa moeda, colaborando com a circulação do dinheiro. Em contrapartida, o banco ajudará, principalmente, aos que não possuem acesso aos bancos tradicionais, possibilitando a essas pessoas abrirem suas contas digitais gratuitas, que vão assegurar acesso a serviços financeiros, como movimentação e crédito para os agricultores. E complementa: “A moeda social Caatinga vai circular na nossa região e será aceita em aproximadamente cinquenta estabelecimentos, fazendo com que o dinheiro circule internamente, beneficiando a todos. explicou Adriano.

Experiência é educativa e pioneira em Alagoas

O presidente da Rede Brasileira de Bancos Comunitários e criador do Banco Palmas, primeiro banco comunitário do Brasil, Joaquim Melo, destaca o pioneirismo da iniciativa para a região e seu caráter educativo, servindo, inclusive, como espelho para outros municípios. “Um empreendimento dessa natureza deve despertar o interesse das pessoas, que poderão ser capacitadas pelo próprio FUNPET. Essa iniciativa pode ser multiplicada e resultar na abertura de outros bancos comunitários”.

Melo ainda acrescenta que “A circulação da moeda social oxigena a economia e aumenta as vendas, o que gera empregos e mais qualidade de vida. A cobrança de uma taxa de 2% ao comerciante, toda vez que ele realiza uma operação, é menor do que a cobrada pelos cartões tradicionais. Esse valor vai para o fundo do banco comunitário que terá recursos para investir em crédito produtivo que apoiará os produtores das cooperativas, os microempreendedores individuais, a produção agrícola, entre outros, com juros baixos ou até zero”.

De olho no futuro: o mercado de crédito de carbono

Futuramente, o Banco FUNPET vai intermediar também a venda de créditos de carbono. “Vamos dar suporte aos produtores e produtoras rurais inseridos no PRS Caatinga. Eles trabalham com tecnologias de agricultura regenerativa e de baixo carbono e suas ações contribuem para o desenvolvimento sustentável, incorporando benefícios ao meio ambiente. Além disso, vamos fomentar microcréditos que estimulem a produção e consumo local”, acrescenta Adriano.