PRS Caatinga lança livro sobre sua trajetória

Juliana Braga | 7 de fevereiro de 2024

Publicação faz parte do legado de conhecimento deixado pelo Projeto

Em 2019, uma iniciativa inovadora propôs levar as Tecnologias Agrícolas de Baixa Emissão de Carbono (TecABC) aos agricultores familiares do semiárido brasileiro. O Projeto Rural Sustentável Caatinga (PRS Caatinga) envolveu 1.505 famílias de 31 municípios, por meio da parceira com 20 Arranjos Produtivos Locais (APLs), distribuídos por cinco estados: Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí e Sergipe.

Com a missão de reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE) e a pobreza, o PRS Caatinga conseguiu concretizar todas as atividades previstas em seu desenho e superar obstáculos sem precedentes, como a pandemia de COVID-19. O resultado foi muito além do alcance de todas as metas estabelecidas.

Essa história pioneira é contada no livro “PRS Caatinga - Uma trajetória de inovação no semiárido brasileiro”, lançado como parte do legado de conhecimento do projeto. Em entrevista, o diretor do PRS Caatinga, Pedro Leitão, fala sobre o impacto da adoção das TecABC para a agricultura do bioma e o potencial da Caatinga para contribuir para a questão climática.

O livro resume a trajetória de quatro anos de implementação do PRS Caatinga. Qual a importância deste legado?
Pedro Leitão – Dissemos no livro que o projeto conseguiu, principalmente, mostrar que o uso no semiárido de tecnologias de baixa emissão de carbono é efetivo, traz bons resultados para o produtor rural, para o meio ambiente e o clima. Complementarmente, as ideias do projeto conseguiram ser transmitidas para os produtores rurais, que as absorveram e passaram a praticá-las com convicção.

O projeto concretizou tudo que estava previsto em seu desenho. Como isso foi possível?
PL – Considerando as metas físicas estabelecidas para o projeto, todas foram atendidas e superadas, considerando os indicadores climáticos, também. Considerando as manifestações de satisfação das comunidades atendidas, idem. Portanto, sim, tudo que foi previsto foi concretizado. Como? Com uma boa equipe, um bom programa de trabalho, com muuuita obstinação.

O PRS Caatinga também teve como diferencial atuar por meio de iniciativas sequenciais. Qual o impacto desta ação para o alcance de metas?
PL – O projeto demonstrou ter sido resultado de um desenho satisfatório, fluido, em que todas as suas partes estavam integradas e contribuindo umas para as outras. Há um gráfico que chamamos de Caminho Crítico que mostra isso. Mas, melhor que o desenho, foi a prática do projeto, que refletiu esse processo de integração, envolvendo a geração de conhecimentos; a transmissão desses conhecimentos na forma de cursos de capacitação de equipes profissionais; a contratação dessas equipes para oferecer assistência técnica e desenhar planos de trabalho para as propriedades envolvidas no projeto; a aquisição e oferta de bens materiais para apoiar a execução desses planos de trabalho; o fortalecimento de cooperativas para viabilizar a comercialização dessa produção e a indicação da necessidade de novos recursos para começar um novo ciclo de expansão do projeto. Essa visão integrada deu organicidade e rumo às ações de execução do projeto.

O PRS Caatinga alcançou todas as metas estabelecidas. Em uma eventual segunda fase, quais seriam as principais objetivos a serem atingidos?

PL – Escrevemos sobre isso no posfácio do livro. Em suma, seria garantir crescimento em escala territorial, populacional e financeira. Incluindo territórios indígenas, quilombolas, assentamentos e propriedades rurais de porte médio. Uma ação mais intensa de envolvimento de cooperativas como instrumentos de recrutamento, assistência técnica e comercialização da produção agrícola resultante. A busca de recursos financeiros muito maiores, possivelmente do setor privado, visando constituir uma plataforma de produção agrícola de base sustentável e regenerativa. E, finalmente, fazendo um esforço de abrir caminho para acessar novos mercados interessados em produtos produzidos com tecnologias de baixa emissão de carbono, no Brasil e no exterior.