Oferta de insumos agrícolas estimulou adoção das TecABC

Juliana Braga | 20 de fevereiro de 2024

Ação do PRS Caatinga permitiu diversificação de cultura, geração de renda e maior inclusão social

A agricultura familiar é o principal responsável pelo abastecimento do mercado nacional de alimentos. Ainda assim, apenas 11% dessas propriedades têm a sua disposição maquinário, como por exemplo tratores, contra 24% entre os médios e grandes produtores, segundo o Censo de 2017. A oferta de insumos agrícolas foi uma das ações escolhidas pelo Projeto Rural Sustentável Caatinga (PRS Caatinga) para impulsionar a agricultura regenerativa no sesmiárido.

“A partir da análise das demandas de cada plano de trabalho dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) foram fornecidos itens para estimular a produção agrícola, que variaram desde sementes, mudas, material para apicultura a maquinários de pequeno porte, como tratoritos e roçadeiras”, explica o diretor do PRS Caatinga, Pedro Leitão.

Ao atender a necessidades específicas de cada área prioritária, o projeto facilitou não apenas a adoção das Tecnologias Agrícolas de Baixa Emissão de Carbono (TecABC), mas permitiu também que os produtores rurais pudessem tirar melhor proveito da iniciativa. O resultado incluiu diversificação de cultura, maior inclusão social e geração de renda contínua.

Modernização do campo e inclusão dos jovens

A introdução de pequenos maquinários permitiu que os agricultores familiares passassem a ter uma rotina mais humanizada. “Quando trazemos insumos como perfurador de solo e roçadeira potencializamos o trabalho do agricultor familiar, há um rendimento muito maior.”, explica o coordenador regional do PRS Caatinga, Francisco Campello.

A modernização do campo também favoreceu o envolvimento dos jovens. “Na zona rural, os jovens partem porque não querem estar com uma enxada na mão, uma foice. Muitos têm vergonha ou não vêem futuro nesse trabalho. A partir do momento que você substitui uma enxada por um tratorito, você coloca o agricultor em ambiente moderno, sem perder a característica de agricultor familiar”, afirma Campello.

Com a oferta de material, muitos produtores também puderam se beneficiar de atividades agrícolas diversas.
“Já trabalhava com apicultura. Recebemos três colméias e também mudas de caju e umbu. Além da florada para a apicultura, essa produção traz geração de renda”, conta o agricultor Francisco Souza, beneficiário do projeto por meio do APL Centro Educacional São Francisco de Assis (Cefas), que atua no Piauí.

Além da diversificação da produção, a iniciativa desencadeou uma maior participação das mulheres no trabalho. “O projeto nos trouxe uma visão de como melhorar a nossa comunidade. Isso despertou nas mulheres o interesse de conhecer o novo. Antes, elas só vivíam no lar, auxiliando seus maridos nos afazeres de trabalho rural. O PRS Caatinga mostrou que os produtos que as mulheres cultivam podem ser comercializados,” lembra a agricultora Simony Alexandre, de Jaramataia Alagoas.