Dia de Combate à Desertificação: por uma agricultura regenerativa de baixo carbono 

Patrisia Ciancio | 17 de junho de 2022

Coordenador regional Francisco Campello defende tecnologias agrícola de baixo carbono como aliadas no enfrentamento do fenômeno

No Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação, 17 de junho, o coordenador regional Francisco Campello fala sobre o investimento do PRS Caatinga em fortalecer uma agricultura familiar e regenerativa como uma estratégia para evitar o agravamento da semiaridez no bioma, dados os efeitos das mudanças climáticas globais.

“Na agricultura familiar da Caatinga, são 30 anos de construção da Convivência com o Semiárido, permitindo que o homem tire o seu sustento sem agredir o meio ambiente. Temos um conjunto de práticas sustentáveis consolidadas nos territórios, mas que precisam ser aprimoradas ou ajustadas para que a atividade agrícola possa continuar acontecendo, com mais tecnologia e qualificação, de pessoas e processos voltados à preservação ambiental”.

“A missão do PRS Caatinga é fazer esse ciclo acontecer, unindo os conceitos de agricultura de baixo carbono e das tecnologias sociais. Uma importante contribuição do Projeto é reconhecer as práticas de convivência dentro da perspectiva de uma agricultura regenerativa, produzir sem agredir o solo, protegendo recursos hídricos e a biodiversidade”, disse Campello.

O conceito de agricultura regenerativa está alinhado à visão do IPCC de que o sistema climático é um organismo integrado – composto por sistemas naturais e humanos. Nesse sentido, a agricultura de baixo carbono é um tipo de intervenção para reparar o dano ambiental que os próprios humanos causaram.

E como essas inovações dialogam com as práticas da Caatinga?

“A perspectiva do PRS Caatinga ajuda a gente a entender como um sistema agroflorestal, que já é uma prática do dia a dia das famílias, pode ser considerado um sistema agroflorestal regenerativo de baixo carbono”, comentou Campello, que ainda exemplifica:

– Quando movimento menos o solo, eu incorporo matéria orgânica para proteger esse solo, que funciona como uma cobertura. Essa matéria, além de incorporar carbono, vai reduzir as emissões de CO2. Quando coloco espécies arbóreas no sistema agroflorestal, fixo mais carbono; quando coloco espécies leguminosas, fixo nitrogênio natural. Práticas como semeadura direta e cobertura morta incorporam matéria orgânica e carbono ao solo. Associando isso a práticas de conservação de solo, fecho o ciclo do nosso dia a dia. Assim estamos fazendo agricultura de baixo carbono.

E complementa:

“Quando eu uso a nossa Caatinga como suporte forrageiro para o rebanho; quando tenho uma raça adaptada pastando na Caatinga. Esse animal quando está se alimentando de forma diversificada, estou mantendo a paisagem e promovendo a segurança alimentar do meu rebanho com a biodiversidade. E assim, sem perceber, a gente está realizando essas tecnologias”, enfatizou Campello.

Segundo o especialista, “o PRS vem dar visibilidade para a agricultura regenerativa e vem ainda realizar ajustes para ajudar a qualificar mais os sistemas agroflorestais, transformando nossos agricultores em protagonistas no combate às mudanças climáticas e à desertificação”.